 |
| Fotos: Reprodução |
O salto alto é um amigo inseparável de muitas mulheres. É impossível deixar de usá-lo, principalmente, em ocasiões especiais. No entanto, o que muitas não sabem é que é fundamental tomar alguns cuidados na hora de escolher e usar. Caso contrário, o queridinho pode virar uma tortura e causar problemas de saúde.
A atriz Sarah Jessica Parker, a Carrie da série Sexy and The City, fez recentemente revelação bombástica: abandou o salto! Essa decisão foi tomada após o calçado ter causado danos aos pés, uma deformação óssea por conta do uso excessivo. Em entrevista à revista americana, Sarah contou que trabalhava 18 horas por dia sem tirar o salto.
O ortopedista e traumatologista Marco Antonio Ambrósio do Hospital Samaritano esclarece as principais dúvidas e dá dicas para escolher o melhor calçado. Confira:
A atriz Sarah Jessica Parker aposentou o salto ao descobrir deformação óssea. Por que isso ocorre?
É comum e pode provocar joanetes, crescimentos ósseos que ocorrem em torno da base do dedão do pé. Mulheres também podem desenvolver deformidade de Haglund, um crescimento ósseo que ocorre sobre o calcanhar em resultado da pressão constante e da fricção de costas rígidas e tiras de salto alto. Outro problema é a metatarsalgia, um tipo de inflamação que ocorre na bola do pé, como resultado da pressão repetida sobre os ossos metatarsos, aqueles que correm entre os dedos e o arco do pé. É comum ainda o surgimento de calo, área de espessamento da pele, geralmente causado pela fricção repetida contra um sapato.
O que acontece com o pé ao andar de salto alto?
Ao caminhar, o peso do corpo fica dividido entre o calcanhar e a parte da frente do pé. A carga concentra-se nos dedos e torna-se ainda mais intensa quando a mulher tem pés chatos, cavos ou joanetes. O resultado são calos e bolhas na sola, dor e dedos em forma de garra. Outro problema é a dificuldade na flexão da planta do pé prejudicando a circulação e potencializando a tendência a varizes. O salto também altera a musculatura da perna, tornando os músculos mais curtos na parte traseira e mais longos na frente. Muita gente já deve ter ouvido de mulheres que usam sempre salto alto e não sentem desconforto, porém quando optam por modelos sem salto ou tênis, sentem dores na batata da perna e nos pés. Isso é sinal do encurtamento do tendão de Aquiles. Além disso, pode causar ainda dores no joelho, tendinites, unhas encravadas e danos à coluna, como lordose.
Existem benefícios?
Pesquisas americanas apontaram uma exceção à regra: o salto alto beneficia a circulação. O estudo, que avaliou mulheres que se equilibravam em saltos de 7 e 10 cm comprovou que o uso diminui a pressão nas veias. Outra pesquisa, divulgada no início do ano passado, realizada durante dois anos com 66 mulheres com menos de 50 anos e que não estavam na menopausa, mostrou que o uso de até 7 cm pode ajudar a relaxar e, ao mesmo tempo, fortalecer os músculos da região pélvica. Em contrapartida, estudo da Sociedade Americana de Ortopedia aponta o esse tipo de calçado como o vilão responsável pelo gasto de cerca de US$ 3 bilhões com cirurgias nos pés por ano.
Qualquer tamanho é prejudicial?
A partir de 3cm de altura, o salto aumenta a pressão plantar sobre o dedão e o segundo dedo deformando essas articulações, encurta a musculatura posterior da perna, aumenta a incidência de entorses e fraturas de tornozelo e pé, pois aumenta o desequilíbrio e diminui a velocidade do passo, fazendo com que a pessoa utilize mais energia para desenvolver uma distância.
Qual é o melhor tipo de salto?
Os melhores são os mais confortáveis, como salto quadrado, grosso, pois dão maior equilíbrio. Os sapatos que têm dez a treze centímetros devem ser evitados. Evite sapatos com os bicos finos, porque podem causar joanete. O mais saudável são os com a frente retangular ou redondo. Para evitar problemas, prefira sapatos largos e confortáveis no dia-a-dia. O ideal é que se use salto de no máximo 4 cm. Já os modelos altíssimos devem ser reservados para ocasiões especiais.
Existe alguma recomendação de quantas horas se deve usar?
Até 4 horas em pé. O ideal é alternar os sapatos. Se a mulher trabalha de salto, é indicado que leve outro sapato na bolsa para a ida e volta do trabalho.
A qualidade do produto interfere na saúde dos pés?
Sem dúvidas, procure modelos que deixem o pé respirar e que sejam mais maleáveis.
